A renegociação on-line de dívidas bancárias, sem necessidade de deslocamento a uma agência ou de interação com uma pessoa, cresce em meio à alta do endividamento, sobretudo entre companhias de menor porte. O autoatendimento é feito principalmente via internet banking ou aplicativos para celular das instituições financeiras, que oferecem opções de parcelamento ou abatimento de todas as dívidas do cliente, separadas ou em conjunto.
Devedores pessoa jurídica (PJ) também recorrem a ferramentas como Serasa Recupera, Blu365, Quero Quitar e Acordo Certo, entre outros sites que atuam em parceria com bancos e outros credores. Essas plataformas funcionam como “campo neutro”, onde o cliente localiza suas dívidas e alternativas de pagamento, escolhe a que considera mais adequada e paga diretamente ao credor, sem nenhum custo pelo serviço.
Ferramentas dessa natureza são mais usadas por pessoas físicas, mas o interesse de PJs vem crescendo na trilha da crise econômica, segundo Fernanda Testa, gerente de soluções e estratégia de recuperação de Serasa Experian. Os dados da Serasa apontam que o número de CNPJs negativados cresceu perto de 8% em junho em relação a junho de 2017, para 5,5 milhões. “Com a inadimplência subindo, mais companhias buscam os canais digitais para consultar débitos ou buscar soluções”, diz.
A quantidade de empresas que recorreram à plataforma Serasa Recupera, segundo a gerente, cresceu 46% em um ano e o montante de dívidas negociadas atingiu R$ 342 milhões em junho, alta de 52%. Itaú Unibanco e Tribanco foram os primeiros do setor financeiro a participar da plataforma, que tem 3.800 credores. A expectativa da gerente é que mais bancos adotem o canal como porta digital extra à disposição de clientes que buscam a conveniência de consultar e renegociar todos os seus débitos a partir de um único lugar.
Cintia Camargo, diretora do Itaú Unibanco, diz que clientes PJ exigem cada vez mais soluções digitais que facilitam sua rotina, mas ainda requerem proximidade com o banco. “Dependendo do tamanho e complexidade da dívida, não dá para abrir mão da assessoria presencial, daí a importância de uma estratégia de negociação omnichanel”. Segundo ela, clientes com dívidas de até R$ 100 mil já finalizam, sozinhos, acordos de renegociação via internet banking. Acima disso, ele consegue simular o pagamento, mas a finalização é feita com o gerente de relacionamento. “Ofertas e descontos são customizados de acordo com informações que temos do cliente.”
O volume de dívidas regularizadas e pagas via site do Itaú cresceu quase 77% de 2017 para 2018. Cintia adianta que, em breve, os clientes PJ também poderão usar o aplicativo para smartphone do banco para realizar acordos. No momento, esse canal permite consultas a dívidas. Se há interesse do cliente em resolver as pendências, ele é direcionado para chat, onde interage com um gerente.
No Santander, Alexandre Teixeira, superintendente executivo de negócios imobiliários, diz que o banco tem investido alto nos últimos anos, tanto em soluções próprias quanto em parcerias com startups de recuperação de crédito. O Santander disponibiliza portal exclusivo para renegociações com clientes PJ ou pessoas físicas. “Cada vez mais utilizamos mídias sociais para estimular o acesso e os acordos”, diz Teixeira. A expectativa do banco é que, em curto prazo, 20% de suas renegociações sejam via canais digitais.
Na Blu365 (antiga Kitado), que tem o Itaú entre seus parceiros, o CEO Alexandre Lara diz que as dívidas de PJ renegociadas na plataforma ainda se referem, em sua maioria, a microempresas, mas cresce o uso exploratório por parte de companhias maiores. “Quando a dívida supera R$ 50 mil, o cliente analisa as alternativas, mas, ao final, ainda quer falar com alguém.”
Fonte: Blog Televendas