No início de 2018, a dívida global dos países ultrapassou os 233 trilhões de dólares (R$ 880 trilhões). Apesar de todas as advertências das organizações financeiras internacionais, há países que continuam se endividando.
Enquanto a dívida pública total dos EUA ultrapassou a marca sem precedentes de 21,5 trilhões de dólares (R$ 84,5 trilhões), se analisarmos sua relação com o PIB, a situação é bem diferente. A Sputnik apresenta uma lista dos cinco países com a maior dívida em relação ao seu PIB, publicados pelo Fundo Monetário Internacional.
Portugal
Portugal ocupa o quinto lugar na nossa lista, com uma dívida pública que já atingiu 120,8% do PIB.
Depois de aderir à UE e adotar o euro, o país perdeu a capacidade de apoiar sua indústria têxtil com a ajuda de intervenções monetárias. Como resultado, os produtores nacionais se tornaram menos competitivos que os da China, que têm mão-de-obra barata. Essa desvantagem contribuiu para o crescimento do desemprego e a emigração em massa.
Embora a situação económica em Portugal tenha estabilizado em 2017, a sua dívida pública aumentou 1,65 bilhões de euro no ano passado. O país pode enfrentar dificuldades em pagar sua dívida se tomarmos em consideração a previsão do FMI, segundo a qual que a economia portuguesa crescerá apenas 1,8% em 2019.
Itália
Este país europeu ocupa o quarto lugar em nossa lista com uma dívida pública que atinge 130,3% do PIB e chegou a 1,9 trilhão de dólares ($R 7,2 trilhões).
O problema principal da economia italiana é que se baseia em pequenas empresas familiares, incapazes de competir no mercado com as companhias transnacionais.
O ex-senador italiano Roberto Mura, por sua vez, revelou que o orçamento italiano perde sete milhões de euros por dia devido às sanções que a UE introduziu contra a Rússia.
Vários analistas prevêem que, quando o italiano Mario Draghi abandonar seu cargo de presidente do Banco Central Europeu em 2019, a Itália pode ficar sem sua fonte de créditos baratos.
Líbano
O Líbano ocupa o terceiro lugar na lista, com uma dívida pública que atingiu 150% do seu PIB em 2018.
Antes de 2011, a economia do Líbano florescia graças às exportações para o Iraque, Jordânia, os países do Golfo Pérsico e um alto fluxo de turistas.
Entretanto, a guerra na Síria, um país vizinho, que começou naquele ano, afetou gravemente a economia do país. Em particular, as importações aumentaram e, como consequência, o déficit da balança comercial cresceu.
Esse problema foi acompanhado por um crescimento do número de refugiados. Mais de 1,2 milhão de sírios chegaram ao Líbano em 2016.
Para mantê-los, o país teve que gastar muito dinheiro, enquanto os refugiados estão dispostos a fazer qualquer tipo de trabalho por uma remuneração irrisória. Como resultado, muitos libaneses perderam seus empregos e caíram na pobreza.
A queda brusca na receita fez com que o governo libanês se tivesse endividado.
Grécia
Este país europeu está no segundo lugar da lista com uma dívida que atinge 188,1% do seu PIB. Com a adesão à UE, que teve lugar em 2001, o governo grego pôde permitir-se tomar créditos baratos de outros países europeus.
Além disso, houve mudanças radicais na estrutura do mercado de trabalho da Grécia. O número de empregados no setor dos serviços aumentou, enquanto o emprego na indústria e, em particular, na construção naval, foi reduzido consideravelmente.
A partir de 2009, a dívida externa da Grécia não parou de crescer. Seu rápido crescimento fez com que muitos especialistas acreditassem que uma crise orçamentária seria praticamente inevitável, o que veio a acontecer.
Japão
O Japão lidera a nossa lista, assim como a do FMI, com uma dívida que atinge 238,3% de seu PIB.
O problema é que a economia japonesa cresce muito lentamente. Por exemplo, em 2017 o crescimento econômico foi de apenas 1,7%, segundo dados do FMI. Entre outros problemas estão o envelhecimento da população japonesa e o aumento do déficit comercial do país, que em 2017 foi de nove bilhões de dólares (R$ 34 bilhões).