Liderar é um dom, mas também é um exercício diário que requer uma visão em 360 graus da atuação da empresa, (além de vertical e horizontal). Nos dias de hoje, eu diria que isso tudo ainda é muito pouco, porque um líder, além de ter que gerir diferentes equipes com atributos distintos e profissionais dos mais variados cargos hierárquicos, tem que ter a competência de muitas vezes, tirar a empresa de dívidas.
Tudo o que é relacionado a sanidade das contas da empresa, que naturalmente seria mais atributo do financeiro, do comercial, do jurídico, do contas a pagar e receber, ou do marketing, em meio a esta situação degradada que está a economia nacional, passou a ser também uma responsabilidade da liderança, (não que já não fosse, mas agora é muito mais).
Liderar e empreender no Brasil não é fácil, há um certo preconceito quanto ao empreendedor que acaba resvalando na liderança também. Há um errôneo preconceito para com quem está na posição de chefe ou de empreendedor, e ainda mais se essa pessoa for bem-sucedida, pois no imaginário de grande parte da população, o patrão ou o líder é trapaceiro, injusto, cruel e não merece chegar onde chegou ou está tentando chegar.
O fato é que, afora essa questão supracitada, também recai agora sobre um líder, a responsabilidade de negociar ou renegociar dívidas, pois estamos vivendo um período em que esta função requer “dar a cara a tapa”, exige grande habilidade, (quase que uma especialização) e muitas empresas não possuem um departamento com pessoal e braço dedicado à esse tipo de atividade.
Tenho aconselhado, em diversas conversas ao longo de minha carreira, a muitas lideranças e muitos empresários a, ou adquirir essa qualidade ou a terceirizá-la, para que possam se dedicar às suas atribuições e funções naturais, evitando assim desgastes.
Em uma situação em que a empresa está endividada, o líder tem que se voltar para a gestão das pessoas (suas expectativas, estresses com possíveis demissões, replanejamento de aumentos salariais, de postergação de promoções, frustrações, etc.), além disso tem que focar na gestão de clientes (estar mais próximo deles, criar novas oportunidades), tem também que repensar as ações de marketing, posicionamento de marcas, tem que olhar todos os departamentos desde lá de cima, e de dentro deles, e orquestrá-los. É quase injusto pensar que numa situação de inadimplência, o líder também tenha que viver o estresse do credor “sobre ele”, todo dia e toda hora. Mas, infelizmente isso já está acontecendo e muitos líderes com quem eu converso têm me mostrado essa preocupação e essa pressão.
Aos líderes que estão gerindo empresas endividadas e irão se arriscar a assumir essa responsabilidade sozinhos, eu aconselho nunca mais deixar todo o seu faturamento na mão de um ou de poucos clientes. Diversifiquem, prospectem, reduzam a volatilidade de sua carteira de clientes. Além disso, cumpram com a palavra após uma negociação e criem fundos para, caso saiam do vermelho, tenham recursos em caixa para novos períodos de turbulência. Ter dinheiro em caixa é ter condições de negociar melhor suas dívidas. “Passarinho que chega à fonte mais cedo, bebe água mais fresca”, diz o ditado popular.
Mas aos líderes que querem realmente acertar o caminho, sem correr riscos, eu aconselho que façam suas gestões planejando, desde o início, a possibilidade de se procurar uma empresa especializada em recuperação de títulos de crédito, com profissionais especializados nessa função, para que, havendo uma necessidade, não recaia sobre vocês, a responsabilidade de carregar o piano sozinho nas costas.