Endividamento do paulistano atinge 59,9% dos lares em setembro, o maior patamar desde 2010, aponta FecomercioSP

Entidade ressalta que parte do endividamento está relacionada ao aumento de consumo, o que é positivo para economia

O endividamento na capital paulista atinge o maior patamar da série histórica, iniciada em 2010, com 59,9% das famílias endividadas, em setembro. O dado apresentou crescimento de 1,9 ponto percentual (p.p.) superior ao visto no mês anterior, e 5,4 p.p acima do visto em setembro do ano passado. No total, 2,36 milhões de lares permanecem com algum tipo de dívida, 230 mil a mais no período de um ano. A inadimplência também foi recorde, com 859 mil famílias que não pagaram as dívidas até a data dos vencimentos, o que significa que 21,8% estão com atrasos.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Apesar de parecer um quadro muito crítico a Federação ressalta que parte deste aumento do endividamento está relacionada à retomada do consumo, o que é positivo. A pesquisa verificou que 12% das famílias paulistanas pretendem contrair algum crédito ou financiamento nos próximos meses e que dentre esse percentual, 71% dizem que usarão o crédito para compras e consumo em geral, 17% que responderam que devem pagar dívidas e 10% contas. Isso significa que o consumidor está trocando uma dívida por outra com taxa de juros mais barata.

Num quadro de dificuldade orçamentária, as famílias vão buscando as formas de consumo de acordo com a sua disponibilidade de pagamento. Para a maioria dos entrevistados o dinheiro tem sido a forma mais vantajosa. Em segundo lugar, aparecem as compras parceladas no cartão de crédito, com 27,6%, seguidas de cartão de débito, com 21,3%. Isso varia consideravelmente entre as diferentes faixas de renda, para as famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos, o mais vantajoso é o pagamento em dinheiro (44,3%), enquanto para o grupo com renda mais alta, o maior percentual foi de compra com cartão de crédito parcelado (30,8%).

Diante deste cenário, o empresário pode avaliar qual a melhor forma de atrair os consumidores. Se atende a um público de renda mais baixa, pode focar nas ofertas à vista (débito e dinheiro) para deixar o fluxo de caixa mais saudável. Para o perfil de clientes com renda mais alta, o foco deve ser parcelamento.

Recurso importante no processo de abertura de empresa ou de ampliação dos negócios, o endividamento, se não for bem conduzido, pode comprometer definitivamente a sustentabilidade dos negócios. A FecomercioSP recomenda um controle rigoroso sobre as dívidas, inclusive se valendo de cálculos que demonstrem a evolução dos débitos em relação à receita. Os empresários que quiserem manter a empresa operando no azul, não devem se esquivar de acompanhar o nível de endividamento. Esta tarefa é ainda mais relevante na gestão de pequenos e médios negócios, que encontram mais dificuldades para obter crédito para cobrir eventuais furos no fluxo de caixa e para pagar dívidas.

Outro passo importante é que os empreendedores, antes de contrair crédito, negociem seus débitos com fornecedores, por exemplo. Se a solução for realmente obter um empréstimo, o crédito deve ser destinado à quitação da maior parte das dívidas, a fim de impedir a expansão do endividamento.

Para entender mais sobre a questão contábil e a negociação das dívidas, confira o conteúdo especial da FecomercioSP com mais informações a respeito desses temas.https://www.fecomercio.com.br/noticia/saiba-como-controlar-o-endividamento-e-reduzir-os-riscos-para-a-sua-empresa.

Fonte: Segs