Pesquisa mostra que 97% dos profissionais veem atual patamar de atrasos no pagamento de dívidas como um problema
Executivos do setor de crédito concordam que o atual nível de inadimplência representa um problema para o Brasil. Mas os profissionais se dividem quanto às perspectivas para este ano, segundo mostrou uma pesquisa feita com 316 pessoas que atuam com crédito e cobrança em todo o país. Segundo a Serasa Experian, há 63,8 milhões de inadimplentes, 4,5 milhões a mais do que no início de 2018.
De acordo com os dados da pesquisa, quase a totalidade – mais precisamente 97% – dos entrevistados afirmou que o patamar de inadimplentes representa um problema hoje para o país. No entanto, em relação a 2020, 35% dos entrevistados estão pessimistas com o indicador, 34% estão otimistas e 31% se disseram neutros.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a empresa de cobrança Negocia Fácil e a organização focada na indústria de crédito CMS. Os dados foram coletados em setembro e outubro de 2019, com profissionais de crédito e cobrança que ocupam cargos de gerência, diretoria, vice-presidência e presidência.
“Os executivos estão bem divididos quanto ao futuro. Sabemos que existe um desejo de renegociação de dívidas por parte do consumidor, mas que só conseguirá ser concretizado se a economia começar a se recuperar e houver geração de renda”, afirma José Moniz, diretor de negócios digitais do Negocia Fácil.
Os dados mostram ainda que, para os entrevistados, o Brasil não está perto do fim da crise, porém está longe do início. Para 75% dos executivos, o país está no meio da crise econômica, enquanto 23% disseram que o país está no fim e apenas 2% afirmaram que está no início.
“Ações importantes tomadas sinalizam que estamos começando a viver uma fase de recuperação, e há fatores para potencializar isso, como a queda das taxas de juros e o aumento do nível de ocupação”, diz Moniz.
Apesar de reconhecer o momento de crise, há uma melhor projeção para 2020: 57% dos executivos disseram que estão otimistas com a economia brasileira, enquanto 20% estão pessimistas com as perspectivas.
De acordo com Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, os inadimplentes no país são um mercado consumidor ativo que deve movimentar R$ 1,4 trilhão ao longo de 2019. “No entanto, a forma como a cobrança é feita acaba por afastar esses consumidores das empresas como varejistas e bancos”, diz.
Conforme Meirelles, 73% dos inadimplentes deixam de atender telefonemas de desconhecidos e sete em cada dez têm vergonha de admitir a situação para outras pessoas. Dessa forma, 51% desse grupo preferem negociar suas dívidas pelo computador.
No entanto, a pesquisa com os executivos de crédito e cobrança mostra pouco investimento no canal: 45% das empresas do setor não adotam nenhuma tecnologia no contato com o cliente.
Fonte: Valor econômico